Onde o Geely EX2 é melhor e pior que o BYD Dolphin? Comparamos
Nos últimos anos, a presença do carro elétrico se transformou muito no Brasil. Em 2014, quando o BMW i3 foi lançado, por R$ 225.950, na versão elétrica pura (havia uma híbrida de alcance estendido, por R$ 235.950), ele era o único hatch elétrico do mercado e custava quase tanto quanto um sedã de luxo como o BMW 528i M, que saía por R$ 259.950.
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O cenário mudou com a chegada dos carros chineses, com destaque para o BYD Dolphin, que estreou sem a pretensão de ser premium e abriu caminho para outros lançamentos no segmento. O Dolphin estreou em junho de 2023 por R$ 149.800, na faixa de SUVs compactos nacionais. Entre o i3 e o Dolphin, houve outros modelos como Chery iCar, Jac iEV20, Renault eKwid. E, um mês depois do Dolphin, chegou o GWM Ora 03, com a mesma proposta. Mas nenhum fez tanto sucesso como o BYD, que, agora, ganha um novo rival: o Geely EX2. Para saber quais as chances de o novato incomodar o – já se pode dizer – veterano, levamos os dois para um confronto.
A Geely focou em uma carroceria bem arredondada para o EX2… Antes incomum, o design do Dolphin tornou-se mais familiarFernando Pires/Quatro Rodas
O desafiante foi o carro mais vendido do mercado, no primeiro semestre deste ano, na China, com 387.590 unidades, segundo a China Passenger Car Association (CPCA), bem à frente do Dolphin, com 127.823 unidades. Mas no Brasil as condições são diferentes. O Dolphin é líder e a Geely ainda é desconhecida.
A Geely acredita que pode ter sucesso, apoiando-se em um preço competitivo. Mas não apenas nisso, obviamente, como pudemos constatar neste comparativo.
Parece menor do que realmente é, medindo 4,13 mFernando Pires/Quatro Rodas
O EX2 foi desenvolvido sobre a plataforma GEA, Global Intelligent New Energy Architecture, uma arquitetura integrada que reduziu muito seu custo de produção, até mesmo na China, permitindo que fosse posicionado ao mesmo tempo contra o Dolphin Mini e o Dolphin, lá e aqui no Brasil. O pequeno Geely chega pelo preço promocional de R$ 119.990, o mesmo do Dolphin Mini. E sua versão topo de linha sai por R$ 135.100, uma diferença de R$ 14.890 em comparação aos R$ 149.990 cobrados pelo Dolphin. É uma vantagem importante nessa faixa de preço. E não se pode esquecer que foi o preço uma das razões pelas quais o BYD deu tão certo no Brasil.
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O custo menor da plataforma permitiu também que o EX2 largue na frente do Dolphin em segurança. Na versão Max, o hatch da Geely vem com piloto automático adaptativo, assistente de permanência em faixa e frenagem automática de emergência, enquanto o BYD não conta com esses itens (pode mudar na versão reestilizada, esperada para 2026 no Brasil).
Mesmo sendo externamente mais largo, o EX2 é menor na cabine, compensando o aperto com um porta-malas maiorFernando Pires/Quatro Rodas
–Fernando Pires/Quatro Rodas
–Fernando Pires/Quatro Rodas
Esses dois hatches são muito próximos fisicamente. O Geely mede 4,13 m de comprimento, apenas 1 cm mais do que o Dolphin, mas perde em entre-eixos, com 2,65 m, 5 cm menor que o BYD. A maior diferença em tamanho está na largura, com o EX2 medindo 1,80 m, 3 cm a mais em comparação com o Dolphin.
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Apesar disso, o Dolphin tem um espaço interno maior na lateral (ombros), vertical (cabeça) e longitudinalmente (pernas), na dianteira. Na traseira, o EX2 é 1 cm mais longo (veja todas as medidas na Ficha de Teste, no fim da página).
O EX2 contra-ataca com espaço para carga. O seu porta-malas leva 375 litros de bagagem, consideravelmente mais do que os 345 litros do Dolphin. E o Geely oferece um local extra sob o capô (apelidado pela marca de “fronta-malas”), com capacidade para 70 litros. Esta área extra na parte dianteira é uma consequência das escolhas feitas pela Geely, em relação à mecânica do carro. Enquanto o Dolphin tem seu motor posicionado na parte da frente, da mesma forma que em um carro a combustão, o EX2 traz o propulsor no eixo traseiro, liberando espaço na dianteira do hatch.
O minimalismo é quase extremo no EX2Fernando Pires/Quatro Rodas
A tração traseira faz com que o EX2 seja muito diferente dinamicamente em comparação ao Dolphin (o BYD se move pelas rodas da frente). Alguns fabricantes têm experimentado essa configuração nos carros elétricos, por melhorar a distribuição de peso e reduzir o esforço sobre as rodas dianteiras, diminuindo o desgaste dos pneus e entregando melhor o torque. E, além desses benefícios, colocar o motor no eixo traseiro dispensa toda a parte mecânica vista em um carro a combustão, como utilizar um eixo cardã.
A multimídia de 14,6” funciona bem, mas está sem Android Auto e Apple CarPlayFernando Pires/Quatro Rodas
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–Fernando Pires/Quatro Rodas
Em números, a distinção entre os rivais aqui é bem clara. O EX2 traz um motor de 116 cv e 15,3 kgfm, enquanto o Dolphin entrega um de 95 cv e 18,3 kgfm. Apesar do torque menor, o Geely é mais rápido, acelerando de 0 a 100 km/h em 10,2 segundos, 1,2 s mais esperto do que o BYD. Ganha também nos três testes de retomada, sendo 1 s mais rápido no de 60 a 100 km/h. O único quesito em que o EX2 fica para trás é em velocidade, pois é limitado a 140 km/h, enquanto o Dolphin chega a 160 km/h.
O sentimento ao dirigir também é diverso entre um e outro. Ambos entregam aquela aceleração vigorosa nos primeiros 50 km/h por causa do torque instantâneo, mas o jogo muda na dinâmica, a favor do Geely.
Com a tração traseira, a entrega do torque é mais suave, o que permite contornar as curvas com mais precisão, por evitar o esterçamento por torque. E o carro também deixa de puxar para um dos lados durante uma aceleração mais forte. Isso somado ao fato de que as rodas dianteiras do EX2, tendo mais espaço, esterçam até 41o, enquanto as do BYD, variam 34o, a experiência ao volante é mais gratificante. Só faltou para o EX2 ter um volante mais progressivo face ao do Dolphin, que é mais preciso, direto e com peso adequado.
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O “fronta-malas” tem espaço para uma bolsa grande ou para levar o carregador portátil para emergênciasFernando Pires/Quatro Rodas
O comportamento do EX2 agrada. Mas isso não implica que o do Dolphin seja ruim. Além do volante mais pronto, o BYD consegue evitar que as rodas destracionem em arrancadas mais bruscas.
Em relação à autonomia, que é um ponto bem disputado, o Dolphin entrega um alcance de 291 km segundo o Inmetro, 2 km a mais do que o EX2, com 289 km. Porém, o Geely é mais eficiente, aproveitando melhor a bateria de 39,4 kWh (o BYD usa um conjunto de 44,5 kWh). Assim, o consumo também é próximo. O EX2 marcou 8,6 km/kWh na cidade e 8 km/kWh na estrada, enquanto o Dolphin faz 8,4 km/kWh e 7,6 km/kWh, respectivamente.
Motor dianteiro, não sobrou espaço para bagagemFernando Pires/Quatro Rodas
Com a Renault envolvida, a Geely conseguiu fazer um bom trabalho de tropicalização, principalmente da suspensão. Por usar um conjunto multibraços na traseira, evita os sacolejos em ruas mais acidentadas, mexendo menos a carroceria. Como o Dolphin usa eixo de torção, o balanço lateral é mais evidente. Muda também o ajuste, com o EX2 aproveitando um pouco do conhecimento da Renault para ser mais firme, enquanto o rival ainda tem aquela calibragem tolerante, de chinês.
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O Dolphin tem um espaço melhor para os passageiros, tanto na frente quanto atrás, mas perde no tamanho do porta-malasFernando Pires/Quatro Rodas
–Fernando Pires/Quatro Rodas
–Fernando Pires/Quatro Rodas
O que pode ser um ponto fraco para o Geely é o seu estilo. Seu design tem personalidade, mas ele exibe alguns detalhes que podem agradar chineses, mas por aqui são vistos como ornamentos de gosto duvidoso, como o desenho iluminado de um skyline no painel, do lado do carona.
Os dois elétricos apostam em cabines com poucos botões, mas o EX2 dá um passo extra e desnecessário. Seus únicos comandos estão no console central, com três botões para o ar-condicionado. Ainda assim, o controle do sistema de ar é feito pela multimídia e a temperatura é escolhida por uma barra em vez do número exato. Nisso o Dolphin é mais funcional, com mais botões na área central embaixo da multimídia.
A cabine do BYD é mais funcional e traz mais botões de operaçãoFernando Pires/Quatro Rodas
Depois de várias atualizações, a multimídia de 12,8” do Dolphin melhorou muitoFernando Pires/Quatro Rodas
–Fernando Pires/Quatro Rodas
Outro problema do EX2, embora temporário, está na multimídia. A Geely diz que o sistema está pronto para ter Android Auto e Apple CarPlay, mas que a conexão está desativada enquanto a homologação é finalizada e que virão por uma atualização.
Além das portas USB e USB-C, o Dolphin ainda tem uma tomada de 12 V e até uma entrada para cartão SDFernando Pires/Quatro Rodas
No fim do dia, os vícios do EX2 são compensados pelas virtudes e ele vence este comparativo. Contra a boa reputação do BYD no mercado, o Geely pode evocar o atendimento pós-venda, que fica a cargo da experiência da Renault do Brasil.
Veredicto Quatro Rodas
Novato no mercado, o Geely EX2 entrega uma boa combinação de prazer ao dirigir, economia, equipamentos e um preço mais baixo do que o rival. O BYD Dolphin GS é um bom carro e ganhou a confiança dos brasileiros, mas agora encontrou o primeiro concorrente que pode dar dor de cabeça e afetar as vendas.
Ficha Técnica – Geely EX2
Motor: elétrico, traseiro, 116 cv, 15,3 kgfmBateria: íons de lítio, 39,4 kWh, 289 km de autonomiaRecarga: 30 a 80% em 6,5 h a 6,6 kW; 21 min a 70 kW; potência de recarga máxima 70 kWCâmbio: aut., 1 marcha, tração traseiraSuspensão: McPherson (dianteiro), multibraços (traseiro)Freios: disco ventilado (dianteiro), disco sólido (traseiro)Direção: elétrica, diâmetro de giro não informadoRodas e pneus: 205/60 R16Dimensões: comprimento 4,135 m; largura 1,80 m; altura 1,58 m; entre-eixos 2,65 m; peso não informado; vão livre não informado; porta-malas 370 l; tanque não aplicável
Ficha Técnica – BYD Dolphin
Motor: elétrico, dianteiro, 95 cv, 18,4 kgfmBateria: LFP, 44,9 kWh, 291 km de autonomiaRecarga: 30 a 80% em 5,5 h a 6,6 kW; 31 min a 47 kW; potência de recarga máxima 47 kWCâmbio: 1 marcha, tração dianteiraSuspensão: McPherson (dianteiro), eixo de torção (traseiro)Freios: disco ventilado (dianteiro), disco sólido (traseiro)Direção: elétrica, diâmetro de giro não informadoRodas e pneus: 195/60 R16Dimensões: comprimento 4,080 m; largura 1,77 m; altura 1,57 m; entre-eixos 2,70 m; peso não informado; vão livre não informado; porta-malas 345 litros; tanque não aplicável
Teste Comparativo Quatro Rodas
BYD Dolphin
0 a 100 km/h
0 a 1.000 m
33,43 s / 137,26 km/h
33,15 s / 156,8 km/h
Velocidade máxima
40 a 80 km/h
60 a 100 km/h
80 a 120 km/h
Frenagem 60 a 0
Frenagem 80 a 0
Frenagem 120 a 0
Consumo urbano
Consumo rodoviário
Ruído neutro / rpm máx.
LO./LO. dBA
LO./– dBA
Ruído 80 km/h
Ruído 120 km/h
Velocidade real a 100 km/h
Rotação a 100 km/h
não aplicável
não aplicável
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Leia a materia completa na fonte original:
Ver no Quatro Rodas